3 de setembro de 2011

Suplico-te ... Vês que para mim acabou-se tudo... Não poderei suportar tudo isso mais tempo. Estava sentado hoje ao lado dela... Estava sentado e ela tocava diferente árias ao piano, com uma expressividade! Que expressividade... Que quere que eu diga? A sua irmazinha vestia a boneca sobre meus joelhos. As lágrimas vieram-me aos olhos. Inclinei-me e eis que dou com uma aliança de casamento... Minhas lágrimas jorraram... E de repente ela passou a tocar aquela antiga ária, cuja doçura tem algo de celestial, assim de repente... e logo senti penetrar na minha alma um sentimento de consolação, e comecei a revover a recordação do passado, do tempo em que ouvia aquela ária, dos intervalos sombrios de desgosto, das mágoas, das esperanças iludidas e depois... Andava no quartode um lado para outro, o meu coração sufocava. "Pelo amor de Deus!", disse-lhe eu explodindo e caminhando ao encontro dela. "Pelo amor de Deus, acabe com isso!"

Ela cessou e olhou-me atentamente: "Werther!", disse ela com um sorriso que me trespassava a alma. "Werther!Vós estais muito doente, repugnam-vos os vosso acepipes favoritos. Ora, vamos faça o favor de sossegar". Fugi de perto dela e... Deus meu! Tu vês o meu sofrer e haverás de extingui-lo.

(Goethe em: Os Sofrimentos do Jovem Werther)


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